Se você é jovem ainda, amanhã velho será
Quem não tem manias de velho que atire a primeira pedra!
Airton Cruz mora com sua “mulher”, apesar de não ser casado, veste-se com roupas “mais sociais” e não deixa de lado “uma boa música dos anos 80”. Apreciador de estilos mais antigos e de objetos que “marcaram época”, passou a fumar cachimbo como hobby há cerca de um ano. “Comecei por gostar da elegância do mesmo. Antigamente, fumar cachimbo era algo que transmitia poder”, explica o rapaz. “Nos meus momentos de desfrute do cachimbo e de qualquer arte antiga eu me sinto com poder. Não sei explicar muito bem, é um sentimento incrível e prazeroso”.
Enquanto outros preferem jogar vídeo games, praticar mini golfe ou até mesmo adestrar falcões – o que, aliás, é conhecido como falcoaria -, ele decidiu adotar como hobby a “arte de cachimbar”. Aos 19 anos de idade, no entanto, essa preferência pode parecer anacrônica para alguns. Afinal, não é comum encontrar outros jovens que partilhem do mesmo hábito. Ele próprio diz já ter sido motivo de piada por colegas, ainda que não muitas, já que prefere cachimbar sozinho. “Geralmente fumo em casa, acompanhado de uísque, ou em algum bar onde já existam pessoas com o mesmo gosto”, conta.
O mesmo faz o estudante Nicolas Cintra, 21, que há cerca de um ano e meio também se rendeu ao mesmo hobby, inspirado por ídolos como seu “pai” e “o poeta Rimbaud”. “Na real, não [nunca foi motivo de sarro]. Eu geralmente fumo quando não estou acompanhado: em casa, à beira do mar ou qualquer hora em que esteja sozinho, para refletir. As pessoas não se espantam muito não, só ficam intrigadas”, diz. Para ele, a associação usualmente feita de um fumante de cachimbo a figuras ‘velhas’, ‘enfadonhas’ e ‘intelectuais’ é errônea. “Para provar como não é hábito apenas de eruditos, até personagens como o saci-pererê e o marinheiro Guma, do Jorge Amado, usavam”, argumenta.
Mas e o que dizer do jogo de bocha? Não há malandro algum, seja no folclore, na literatura ou na televisão, que pratique este esporte sempre tão associado a avós que se reúnem aos domingos clubes tradicionais. Bruno Tomageski, porém, não é avô. Nem pai ainda ele é. Tem 20 anos e estuda Direito. Como recreação, no entanto, pratica o bocha desde os nove anos de idade, tendo participado de campeonatos a partir dos 12. Desde então, já conquistou títulos como o do Campeonato Paulista nas edições de 2007 e 2008.
“Apesar de ser conhecido como um esporte de velho é bem agitado. Só conferindo com os próprios olhos para acreditar, mas quem é do bocha sabe que é verdade”, explica. A maioria de seus colegas, contudo, nunca foi conferir de perto, o que já fez com que Bruno tenha sido motivo de sarro entre eles. “Que não conhece enche sim, fazem piada e tal. Mas não levo como preconceito. Sempre levei na brincadeira, não ligo de falarem”, defende.
Outro que não fuma nem joga bocha, mas também já ouviu muita gozação pela atividade que exerce durante seu tempo livre é o estudante Caio K., 18. Seu hobby é cuidar de bonsais, as famosas árvores em miniatura japonesas. Apesar de não ter descendência oriental, o rapaz começou a se interessar pela “arte” de podar essas pequenas plantas por se interessar muito pela cultura japonesa. “Eu sempre assisto filmes de artes marciais e vejo desenhos japoneses. Eu gosto muito da cultura oriental, tanto que faço caratê há uns anos já.
Daí para o bonsai foi só uma extensão de interesses”, conta. Diferente de Airton, Nicolas e Bruno, porém, Caio diz já ter se incomodado com comentários feitos por colegas com o intuito de tirar sarro. “Já me chamaram de senhor Miyagi [o mestre carateca do filme ‘Karatê Kid’, de 1984], mestre ancião [do anime ‘Cavaleiros do Zodíaco’], de velho centenário... Já falaram várias coisas. Antes eu ficava chateado, mas agora não ligo mais. Cada um é cada um, né?”, questiona. Como resume Airton: “cada louco com a sua mania, não é mesmo? Essa é a minha”.
E você? Mantém ou conhece alguém que pratique algum hobby de velho?
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